Curiosidades sobre Bernardo Guimarães



1) O autor não gostava de estudos

Em 1851, Bernardo Guimarães deixou a "república'' (casa de estudante) da rua da Constituição e foi morar com as Vidais, na rua dos Bambus, numa casa que ficava entre as duas repúblicas, a dos companheiros Ferreira de Resende, Evaristo e Bernardo Veiga, e a do Caetano Jose Andrade Pinto, moço excessivamente buliçoso e despudorado, que chegou a ficar nu na presença das Vidais...



Em seu livro "Minhas Recordações", Ferreira de Resende afirma que Bernardo Guimarães pouco se importava com as aulas do Largo de São Francisco.

Diz ele: "O estudo era talvez a coisa de que Bernardo Guimarães menos se lembrava, de sorte que outubro ainda estava longe, e ele já tinha 38 ou 39 pontos. E isso era uma péssima recomendação para o exame. E o que era pior, sem meios ou com muito poucos meios para estudar, bastava-lhe entretanto que desse mais um ou dois pontos para que perdesse o ano. Mas o que era para Bernardo Guimarães um ano perdido com todas as conseqüências comparado com as lânguidas delícias do sono da manhã ou com o seu constante e sempre doce devanear de um céptico?!"

Continua Ferreira de Resende: "Bernardo, portanto, nem estudava nem acordava para ir à aula; e ele teria com toda a certeza perdido o ano se não fosse um velho bedel da Academia, que se chamava Mendonça, e que, morando no Largo de Santa Ifigênia, e sentindo por B.G. uma espécie de caritativa simpatia, tomou a si a penosa tarefa de sair mais cedo para a Academia, passar pelas Vidais, e não continuava o seu caminho sem que tivesse acordado o Bernardo e o levasse consigo".


2) A Certeza de Teresa

Jovem e solteira, Teresa Maria Gomes estava entretida lendo os Cantos da Solidão, de seu poeta prefeirdo, Bernardo Guimarães, quando seu cunhado, o médico - cirugião Dr. Calixto José de Arieira, mandou que interrompesse a leitura:

- Preciso que fiques a vigiar essas sanguessugas. Mantém- te atenta para que elas não fujam desta bacia. Logo chegará uma pessoa enferma que necessitará da aplicação.

Ingnorando a incumbência, a Teresa continou a se dedicar ás palavras do poeta o qual - sabia ela - era filho da mesma cidade em que vivia a família Gomes: Ouro Preto. As sanguessugas, o Dr. Arieira ficou bastante aborrecido com a desatentação da cunhada:

- Menina desatenta! Ainda hás de casar-te com um labrego!

Ao que Teresa Maria replicou de imediato:

- Lá isso é que não! Eu hei de casar com o autor deste livro!

Alguns anos depois, em 1867, no dia 15 de agosto, Bernardo casava-se com Teresa.

3) Bernardo Guimarães, compositor de valsas e canções

Bernardo Guimarães tocava violão e flauta. Em seu livro "Assim nasceu a Escrava Isaura", José Armelim Bernardo Guimarães, neto do autor, arfima que BG foi "um inspirado compositor de valsas e canções sentimentais".

De acordo com ele, BG nunca se preocupou em guardar as suas músicas, e hoje, por isso, só resta  "uma ou outra composição convervada, de ouvido, pela tradição da família".

A música "A Orgia dos Duendes" é talvez a única música de BG que ficou registrada, conforme a transcrição abaixo.

As diferenças na notação da figuras e pausas são típicas do século XIX. A harmonização com cifras procura respeitar e estilo da época.

4) A cadeira n° 5 da Academia de Letras

Apesar de sua postura de humilde em relação  á importância de sua obra, BG foi nomeado patrono da cadeira número 5 da Academia Brasileira de Letras tão logo fundada a agremiação em 1896.

É verdade que Bernardo Guimarães participara da gestação acadêmica , pois, em 1859, quando passou a residir no Rio de Janeiro, tomava partes nas reuniões literárias na Livraria Garnier, que ficava na rua Ouvidor, 69.

Essas reuniões foram os embriões da ABL. Morto em 1884, Bernardo não imaginava que doze anos depois daquelas reuniões informais, surgiria a Academia e, certamente, jamais sonhou que ele fosse um "imortal".

A caderia número 5, da qual é patrono, foi fundada Raimundo Correia.