CONTEXTO
Bernardo Guimarães escreveu uma história de ficção com base em acontecimentos de seu tempo. "A Escrava Isaura" se passa nos primeiros anos do reinado de D. Pedro II - que compreende o período entre 1840 e 1889. Portanto, o Brasil já é independente de Portugal e, como o próprio título do livro sugere, possui uma sociedade escravocrata - ou seja, a posse de escravos é permitida por lei.
Existe, porém, uma crescente pressão dos movimentos abolicionistas, que pedem o fim da escravidão no país. O fim do regime escravocrata tem apoio externo, como o da Inglaterra. O interesse dos ingleses por uma sociedade formada por pessoas livres e assalariadas é econômico: diferente dos escravos, os trabalhadores teriam condições para consumir seus produtos.
Apesar das pressões internas e externas pelo fim da escravidão, o embate ainda iria perdurar até 1888, ano em que a princesa Isabel assinou a lei de libertação dos escravos. Por isso, no romance de Bernardo Guimarãess, que se passa no interior do Rio de Janeiro, a mão de obra escrava á amplamente utilizada nas lavouras - em especial nos cafezais, o novo motor da economia brasileira.
No rastro da riqueza originária do café, o país começa, aos poucos, a ganhar um novo contorno social: a ascensão da burguesia, o surgimento dos profissionais liberais, o crescimento das cidades e o maior acesso á educação pública. Nas artes há um incentivo há "redescoberta" da nação.
Durante o Segundo Reinado, o Rio de Janeiro, capital do Império, torna-se a referência literária e artística do Brasil. Idealizada pelo próprio imperador, a exaltação nacional se reflete nas obras de artistas e escritores. O pintor Pedro Américo, autor de telas como "A Batalha do Riachuelo" e o "O grito do Ipiranga", e o escritor José Alencar, que escreveu "Iracema" e o "O Guarani", estão entre os expoentes culturais do Brasil de D. Pedro II.